Entra ano, sai
ano e os entraves no Transporte Rodoviário de Cargas permanecem os
mesmos. Existem soluções para que estes entraves sejam solucionados?
Quais são as soluções SPRs, ou, simples, possíveis e rápidas?
1- Excessivo número
de empresas no setor, o que provoca acirramento da competição e perda no
poder de barganha junto aos Clientes;
Em 2007, cerca de
634.471 transportadores haviam concluído seus registros no RNTRC, em
2011, este número subiu para 1.285.343, crescimento superior a 54%,
mesmo tendo como base um crescimento de 42% no PIB no mesmo período.
Esta situação derruba o valor do frete, chegando inclusive a provocar
margens negativas.
A solução é o
aumento das dificuldades de abrir uma empresa de transporte de cargas,
exigindo que o interessado seja profissional oriundo da área, e não
somente um oportunista a procura de ganhos fáceis, diminuindo o
saturamento do setor.
2- “Comoditização” do produto transporte;
Hoje, devido à
concorrência, reforçada principalmente pelo autônomo, tanto faz para um
embarcador se vai carregar com X ou Y, importando somente o preço
oferecido.
A primeira
solução para este problema é a especialização da transportadora em uma
determinada área, grãos a granel, cargas fracionadas com alta
capilaridade, químicos classificados, etc., aliada a oferta de
diferenciais competitivos no ramo de atuação, como: Prazos reduzidos de
entregas, amplitude de atendimento, confiabilidade nas informações e
credibilidade, oferecendo algo que os concorrentes não oferecem, sem
prejudicar o preço final.
A segunda é
preparar o autônomo de forma a conscientizá-lo da necessidade de saber
se o frete recebido cobre os custos e remunera de forma adequada seu
trabalho, e capacitando-o a fazer os cálculos necessários.
3- Má conservação das estradas;
A degradação da
malha rodoviária acarreta aumentos de custos operacionais em até 40%,
gastos adicionais com combustíveis até 60%, e tempos de viagem maiores
em até 100 %.
Apesar de ser
considerado o grande vilão, o pedágio que acompanha obrigatoriamente as
privatizações das estradas, possibilita um ganho real em todos os itens
citados, já que a conservação das estradas melhora, e o valor, por lei, é
responsabilidade do embarcador.
Os cartões pré
pagos são eficientes aliados para cumprir esta tarefa. Os dispositivos
tipo “sem parar” poderiam ajudar, usando também o sistema pré pago,
cujos depósitos seriam feitos pelos embarcadores para cobrir o trecho
entre origem e destino do frete.
4- Roubo de cargas;
Atualmente, o
roubo de cargas vêm diminuindo ano a ano. O declínio se deve não à maior
estrutura do Estado no quesito segurança, e sim aos pesados
investimentos que foram feitos pelas empresas, que chegaram a absurdos
15% do faturamento, e que obrigatoriamente continuam.
A simples
exigência do porte de uma autorização do dono do veículo, com firma
reconhecida em cartório, autorizando o motorista a conduzir o dito
veículo, combinado com uma maior fiscalização contribuiria para diminuir
o crime.
5- Pesada carga tributária;
Consome cerca de
30% do faturamento das empresas. Além dos 61 tributos existentes no
Brasil, as empresas ainda gastam algo equivalente a 1% de seu
faturamento para garantir o cumprimento das 93 obrigações fiscais
acessórias, materializadas em livros, declarações, guias, formulários,
etc.
A tão esperada Reforma Tributária, aliada a um olhar mais justo ao setor ajudaria a mudar o panorama.
6- Pouca carga de retorno;
O desequilíbrio
na produção brasileira faz com que o PIB esteja concentrado nos Estados
do Sul e Sudeste, que juntos representam cerca de 75% do total. Isto
resulta em uma grande necessidade de envio de cargas às regiões menos
produtivas, que não oferecem cargas de retorno na mesma proporção.
Esta baixa oferta
obriga transportadores a aceitarem fretes de retorno que muitas vezes,
não remunera nem mesmo o combustível gasto.
O investimento na
produção nos Estados menos produtivos ajudaria a equilibrar o quadro,
além de gerar empregos e melhor distribuição de renda.
7- Avançada idade da frota;
A frota estimada é
de aproximadamente 2.673.691 veículos automotores de carga, sendo que
aproximadamente 1.600.000 com idade superior a 15 anos.
Além de exigirem
maiores custos, esta frota também contribui para aumentar os acidentes,
que atualmente consomem mais de R$10 bilhões.
É inacreditável
que taxis sejam vendidos sem recolherem impostos e sejam amplamente
financiados, enquanto caminhões, que escoam a produção, são taxados com
altos índices e financiados com altos juros. A simples redução nos
impostos, aliada à disponibilidade de crédito com juros subsidiados
promoveria a renovação da frota, que traria benefícios imediatos, tais
como: Melhora na qualidade do ar, redução no número de acidentes, maior
eficiência com conseqüente diminuição nos tempos de transferências e
economia no consumo de Diesel, que custa caro para o país.
O País precisa fazer com que o Procaminhoneiro funcione, e consiga atingir principalmente o autônomo.
8- Altos tempos para carga e descarga;
Não permite o
total aproveitamento dos veículos, diminuindo o faturamento. O
embarcador e o recebedor acabam transformando os veículos em armazéns
ambulantes, e o mais grave, na maior parte das vezes não pagam por isso.
Mais uma vez, é
só fazer cumprir a lei. É preciso criar uma ouvidoria para receber
denúncias na ANTT, e que por sua vez, os fatos sejam apurados e punidos
quando necessário.
9- Excesso de peso
Os males do
excesso de peso não dizem somente a degradação das estadas e dos
veículos. Além de ser um sério risco à segurança, ele diminui a ocupação
dos veículos, contribuindo para nivelar o preço do frete para baixo.
A implantação e manutenção das balanças são, aliadas a uma severa legislação, a forma mais eficaz de combater esta prática.
Se um veículo
flagrado com excesso de peso tivesse o dito excesso apreendido pelo
poder público e levado a leilão, faria com que o embarcador não tivesse
coragem de continuar com esta prática.
As multas, quando
ocorrem, são relativamente baixas, e os embarcadores e transportadores
que são coniventes com esta prática sabem exatamente em quais rodovias
eles podem circular em função da não existência de fiscalização.
Chegou a hora do
Estado atuar com vigor no TRC, já que a matriz de transporte deverá
continuar com predominância superior a 60% para o setor, caso contrário,
o colapso será inevitável.
FONTE: Transpoonline
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