"Esse aqui
merecia um motorista de terno e gravata", diz João Moita, 62, ao volante
do Mercedes Actros. Caminhoneiro profissional há 42 anos e piloto de
testes da marca alemã há mais de 30, ele acompanhou a Folha em uma
avaliação pelo rodoanel Mário Covas, em São Paulo.
O Actros é o
caminhão topo de linha da Mercedes. O modelo traz itens de segurança e
conforto inéditos no mercado de veículos pesados.
Muitos
equipamentos vieram de carros de luxo da marca, como o sedã Classe S. Há
sensores eletrônicos que monitoram o comportamento do veículo, sistemas
de segurança que atuam sem a intervenção do motorista e banco com
aquecimento.
"Você pode pegar
um carro de R$ 1 milhão e garanto que não irá encontrar muitas das
coisas que vêm no Actros", desafia Moita. Ele tem razão. Alguns
equipamentos são exclusivos do caminhão, como o banco do motorista que
compensa o chacoalhar da boleia por meio de um sistema pneumático.
A cabine é a mais alta da categoria. A vantagem disso aparece no piso completamente plano, sem a intervenção do túnel do motor.
CAMA
O interior é de
fazer inveja ao Classe S. Há muito espaço para o motorista e o carona,
além de cama e de um ar-condicionado que funciona mesmo com o motor
desligado.
O segredo são os
canos com líquido refrigerado que passam pela cabine -agem como as
serpentinas que conservam o chope gelado nos bares. O sistema é
recarregado pelo motor em funcionamento. Após três horas e meia de
estrada, haverá energia suficiente para refrigerar a cabine por até oito
horas.
Câmeras embaixo
do "grandalhão" identificam os limites das faixas de uma rodovia. Se o
motorista se distrair e sair da pista, um aviso sonoro é emitido na
cabine. O sinal vem do lado para onde o caminhão está escapando.
A cereja do bolo é
o sistema que mantém a velocidade e a distância do veículo à frente
conforme programado no computador de bordo.
Funciona assim:
um radar na dianteira identifica carros e motos na pista. O Actros
acelera e freia sem a necessidade de intervenção do motorista. Se
necessário, o sistema faz a parada total do caminhão.
A tecnologia tem seu preço. Na configuração com tração 6x4 e esses equipamentos, o Actros sai por R$ 506 mil.
"Já dirigi
caminhões de todos os tipos. Esse aqui, que acelera e freia sozinho,
qualquer um dirige. É só controlar nas curvas", afirmou João Moita
enquanto conduz o Actros de volta à Mercedes.
PILOTO
A potência é de
esportivo, mas os 456 cv do motor diesel estão na medida para mover o
Actros, que pesa 10 toneladas e pode "puxar" outras 70.
O torque assusta
na primeira acelerada, quando o caminhão parece dar um salto para
frente. No modo "manobra", a rotação do motor é limitada para deixar a
aceleração mais suave.
O câmbio
automatizado de 12 velocidades conta com sensor de inclinação, que ajuda
a escolher a marcha mais adequada ao relevo da pista. A suspensão a ar
oferece estabilidade e maior precisão nas manobras.
São de série os
freios a disco nas seis rodas, com ABS e gerenciamento eletrônico que
identifica o arrasto da carga para equilibrar a pressão entre o cavalo
(o próprio caminhão) e a carreta. Se for preciso parar e, em seguida,
arrancar em uma subida, o freio motor irá segurar o Actros por alguns
segundos, evitando que o caminhão ande para trás.
O retarder,
sistema auxiliar de frenagem que é controlado por meio de uma alavanca
atrás do volante, requer habilidade. Dirigir o Actros não é tão simples
quanto diz o piloto de testes da Mercedes.
FONTE: Folha.com
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