Preocupado com o
desânimo do setor privado em ampliar a produção, o governo decidiu ontem
cortar as taxas de juros dos empréstimos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a aquisição de bens de
capital, como máquinas e equipamentos. 'O objetivo é baratear os
investimentos', disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
A principal
beneficiada será a indústria automobilística. Dos R$ 619 milhões
previstos para compensar o diferencial das taxas de juros, R$ 439
milhões serão gastos nos financiamentos à aquisição de ônibus e
caminhões. Para esses, a taxa de juros cobrada pelo BNDES caiu de 7,7%
para 5,5% ao ano. 'É uma taxa reduzida, quase juro negativo', disse o
ministro.
Haverá, também,
ampliação do prazo nos empréstimos da linha 'Pró-caminhoneiro', de 96
meses para 120 meses. Com isso, estima-se que o custo para o banco será
de R$ 143 milhões. Não houve redução dos juros nessa linha, pois eles já
estavam em 5,5%.
Antecipando-se à
crítica que o governo privilegia a indústria automobilística, Mantega
explicou que a cadeia de produção desse setor é longa, por isso tem
repercussões em toda a economia. Além disso, observou ele, o Brasil
passou a ocupar o posto de terceiro maior mercado de automóveis do
planeta. 'Queremos continuar sendo um dos maiores players no mundo',
afirmou.
Outros setores
também foram beneficiados. O financiamento à exportação pelas grandes
empresas terá uma taxa de juros de 8% ao ano, ante 9% cobrados
atualmente. Segundo Mantega, esses recursos funcionam praticamente como
uma linha de capital de giro. Ou seja, os exportadores poderão ter um
alívio de caixa. Também foi reduzida de 6,5% para 5,5% a linha de
financiamento para a elaboração de projetos de engenharia, o
'Pró-engenharia'.
Ao lado do
presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o ministro reafirmou a intenção
do Tesouro de injetar mais R$ 45 bilhões na instituição. 'Está sobrando
dinheiro lá', brincou. 'O Luciano não sabe o que fazer com R$ 150
bilhões.' O ministro aproveitou para comentar que os bancos oficiais
estão saudáveis e não precisam 'limpar' seus balanços, como se especulou
na semana passada.
Energia
Mantega confirmou
também que o governo pretende reduzir o custo da eletricidade. Ele
observou, porém, que essa não é uma medida simples de implementar, pois a
venda de energia é baseada em contratos que não podem ser rompidos.
Assim, as mudanças serão feitas conforme eles forem vencendo. A
renovação de um volume grande de contratos de fornecimento de energia
ocorrerá este ano. O objetivo do governo é reduzir o custo ao consumidor
e desindexar os preços.
Segundo avaliou, o
corte de tributos federais é a forma com que o governo pode intervir
mais rapidamente no problema. Porém, o tributo mais pesado é o ICMS -
que é estadual. O ministro defendeu um acordo com os governadores. De
acordo com informações da área técnica, a redução do PIS-Cofins
(federal) e do ICMS podem reduzir a tarifa final, mas não têm impacto
sobre o custo pago pelas empresas, pois elas recebem esses tributos de
volta na forma de créditos. Assim, a prioridade seria reduzir os
encargos, as taxas específicas do setor, que pesam na conta de luz.
FONTE: MSN
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