A produção de
caminhões está em baixa e duas grandes empresas estão tendo de se
adequar à realidade do mercado. A Iveco, marca do grupo Fiat, faz
ajustes na fábrica de Sete Lagoas, na Região Central de Minas, a
despeito das medidas de estímulo ao consumo anunciadas recentemente pelo
governo federal. A Mercedes-Benz também está passando por algumas
adaptações com seus trabalhadores.
Na Iveco, a linha
de caminhões pesados reduziu a produção de 50 unidades por dia no ano
passado para as atuais 16 unidades diárias, um corte de 68%, que levou a
empresa a realocar empregados dentro da planta industrial. Parte da mão
de obra foi deslocada para a fabricação da van/furgão Ducato, que está
trabalhando em dois turnos para atender ao aumento da procura. São 120
veículos produzidos por dia, ante as 95 unidades diárias em 2011,
informou ontem o diretor de comunicação da companhia para a América
Latina, Marco Piquini. A linha da van/furgão Daily opera dentro da
normalidade.
Na semana passada, a Iveco renovou um acordo de banco de horas, negociado há 10 anos, com o sindicato local dos metalúrgicos, como ferramenta para flexibilizar o trabalho na fábrica. Em março, a negociação permitiu a dispensa, com manutenção dos salários, de 200 trabalhadores da linha de caminhões pesados. No momento, conforme Marco Piquini, não há nenhum entendimento nesse sentido. A Iveco prevê um cenário de recuperação da demanda de caminhões em julho.
“A circunstância
do mercado é muito particular. Houve uma mudança de tecnologia dos
caminhões (em razão da troca dos motores por peças que emitem volumes
menores de gases tóxicos) e uma retração do mercado que já era
prevista”, afirma o diretor da Iveco. Os fabricantes viveram no ano
passado um período de produção recorde, turbinada ao final de 2011 pela
corrida aos modelos anteriores à nova legislação de emissão de
poluentes, que elevou os preços. Diante da queda da procura no começo
deste ano, a Iveco chegou a alterar as tradicionais férias coletivas
concedidas de 15 de dezembro e 10 de janeiro para 1º a 30 de janeiro.
Já a
Mercedes-Benz anunciou na terça-feira a dispensa por cinco meses de 1,5
mil trabalhadores na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Na unidade
de Juiz de Fora, Zona da Mata mineira, houve paralisação na semana
passada, quando 360 trabalhadores ficaram em casa. A empresa marcou
reuniões com representantes do sindicato local dos metalúrgicos na terça
e quarta-feira da semana que vem. O presidente do sindicato, João César
da Silva, disse, ontem, que a intenção é evitar demissões.
Com o mesmo
temor, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sete Lagoas, Ernane
Geraldo Dias, negociou acordos de banco de horas com as fornecedoras
Montich e Ecos que atendem à Iveco. “As dificuldades do setor automotivo
nos preocupam muito. O momento é de tentarmos evitar qualquer dispensa a
todo custo”, afirma. De janeiro a abril, o sindicato de Sete Lagoas
homologou rescisões de contratos de trabalho de 400 pessoas. Dos 8 mil
metalúrgicos do município, 70% trabalham na cadeia automotiva. Segundo
Piquini, da Iveco, que dá emprego a 2,2 mil pessoas, as avaliações de
mercado da companhia indicam tendência de crescimento, embora em
determinados momentos o setor vá conviver com ritmo menor de produção.
FONTE: Estados de Minas
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